Valdir Bianchesi em entrevista para a Revista Ideal RS

Nesses tempos de crise, a Revista Ideal em sua representação no Rio Grande do Sul foi buscar a opinião sobre o atual momento da economia brasileira com uma das maiores referências estaduais, o empresário Valdir Bianchessi. Confiram abaixo um pouco desse bate papo!

1- Fazendo uma análise macro no mercado/comércio estadual, onde o Senhor avalia que estejam os maiores gargalos, e onde e como isso poderia ser resolvido pra impulsionar vendas e receitas no geral?

VB: Na questão macro, relacionada ao comércio, a pandemia immpulsionou uma nova forma de compra do consumidor, devido ao fechamento das lojas, e também com o receio das pessoas de se deslocarem às lojas, que foi o e-commerce. Esse tipo de compra explodiu, o que causou a aceleração do processo de digitalização das lojas/comércio, algumas vezes ainda rivalizando com o comércio presencial. O efeito prático, foi que muitas lojas acabaram encerrando as atividades, gerando uma diminuição de vagas, espaços de lojas em ruas, como também em shoppings center. A migração presencial para a virtual, tende a crescer, pois mesmo as pessoas de mais idade, diminuíram e muito a resistência, e aderiram a esse formato, e estão aderindo às compras online. Outra coisa boa das vendas digitais, é a expansão do mercado, que em qualquer lugar do Brasil pode ser feita a compra/venda de qualquer produto. Um dos exemplos próximos aqui, é a Lojas Colombo, que se atrasou no quesito digitalização, e a médio/longo prazo vai pagar esse preço. Mas, tudo isso tem o lado negativo, o que chamamos de superinflação, pois devido a pandemia, no seu pico em 2020, muitas indústrias, empresass pararam sua produção e, na retomada da demanda, houve falta de muitas matérias primas, como por exemplo o aço, que é a base para tudo praticamente no mundo, acarretando um elevamento do índice inflacionário. Aqui no Brasil, o petróleo é um bom exemplo, onde no auge da pandemia, o valor era de -US$40,00 e agora com toda a retomada da economia global, o valor voltou ao normal, até acima do habitual, o que acarreta no preço dos combustíveis, e subindo os combustíveis, todos os produtos tendem a aumentar também. Uma solução para a queda no preço do petróleo, é um anúncio da Arábia Saudita no
aumento da produção diária, trazendo assim, uma baixa no preço do barril. Outro gargalo aqui é o valor do dólar, causado por vários temas, dentre os mais recentes, a troca do presidente da Petrobrás, desvalorizando o Real e trazendo baixas no mercado. O comércio, certamente é a área mais penalizada, o que trará mais desemprego, gerando uma perda de receita das pessoas, diminuindo assim o consumo, o que diminui o ritmo de crescimento do país.

2- Na sua opinião, quais as vantagens ou fatores positivos para o Estado a médio/longo prazo?

VB: A única maneira: se não tem mercado, não tem venda, e o Brasil dando continuidade às reformas tributárias, administrativase políticas. Se o país não fizer a lição de casa, vai ficar difícil dar continuidade a retomada e o fortalecimento da economia. O governo vai retomar isso tudo, onde nesta quinta, 24/2, vai ser votado o retorno do auxilio emergengial, onde 40 milhões de pessoas vão ser favorecidas, trazendo renda para pessoas de baixa renda, que farão a roda do consumo girar novamente. O aumento do consumo por essa faixa, será fundamental, pra retomar de maneira contínua, deixando de ter um momento fraco e de apreensão no comércio. As pessoas que já estão buscando os e-commerces, irão voltar ao comércio de rua, presencial. Nenhum fato positivo a médio/longo prazo no meu ponto de vista, pois no período da pandemia, o estado do RS teve o maior número de queda do PIB, com a seca, onde a indústria agrícola teve grande queda, além de ter uma das maiores folhas de pagamento com funcionário público. O governo pagou a follha salaria em dia no final de 2020, pagou, mas foi devido a um aporte do Governo Federal, não por causa de aumento de arrecadação, o que causa dificuldade na retomada, pois cerca de 82% do arrecadado é com folha, sobrando perto de 1% para investimento, entrando numa insolvência fiscal e financeira, em diversos setores, como combustíveis, energia e telefonia, havendo migração de empresas do RS para outros Estados, como por exemplo para São Paulo, devido a esses custos, dentre outros. Outro fator, é a perda de capital intelectual humano, onde muitos profissionais acabam deixando o Estado para outros Estados, ou até outros países, trazendo essa situação. Uma solução seria um choque de realidade nesse quesito custos, diminuindo o “Custo Estado”, gerando aquele circulo perverso que se gasta muito com impostos pela população, deixando de consumir produtos que fariam girar mais a economia local. Tudo isso, para dar sustento a folha do funcionarismo público e diminuindo o consumo, girando aquela aspiral negativa, tendo a queda de empregos.

3- Temos como previsão a retomada da economia nos patamares de 2019, início de 2020 já a partir do 2o trimestre, mais tardar início do 2o semestre. Quais setores terão uma resposta mais rápida e positiva pra você?

VB: Na minha opinião, não teremos a retomada da economia em 2021, mas devemos usar este ano para aprovação de reformas, a politica, administrativa e a tributária. Política, com a representação igualitária entre regiões. Tributária, o que penaliza o empresário pelo volume de tributos, como o carro por exemplo, que tem 57% de tributo, fazendo uma reengenharia, além da complexidade que remete a muitos erros, e a administrativa, reorganizando o Estado, fazendo um equilíbrio nas contas públicas. Mas, por onde começar? Devemos dar início pelas comodities, que são o motor da economia, como ferro, soja, petróleo, pois são onde iremos voltar a ter um círculo de prosperidade, impulsionando uma indústria muito defasada, modernizando elas, trabalhar muitas tecnologias, inovação, com suporte, até chegar ao comércio, aproveitando a melhoria na renda, no emprego, com a certeza de acontecimento disso, perto de 2025.

4- Para finalizar, resuma quem é Valdir Bianchessi

VB: Sou administrador, especializado em Marketing, em Finanças, mestrado em sustentabilidade nos EUA, faço parte da ACPOA, parte do conselho de economia da FECOMERCIORS, negócios na gestão pública, instituiçoes públicas, sócio na área de participações.

A Redação