Saúde capilar: aliada dos cabelos, pele e unhas, a Biotina pode ser uma cilada

Em tempos onde a saúde capilar está em evidência com casos de queda de cabelos aumentando, seja por efeitos colaterais da Covid-19 ou por emocionais e psicológicos abalados na pandemia, a atenção com os níveis corretos de vitaminas boas para os cabelos deve ser direcionada para o consumo seguro e orientado por profissionais. Os suplementos são benéficos quando individualizados para o paciente, mesmo as vitaminas essenciais como a Biotina, mas as superdoses podem se tornar ciladas e expor ao risco equívocos dentro de diagnósticos específicos, quem alerta para isso é o médico e tricologista Dr Ademir Leite Junior, que atende a mais de 20 anos em consultório casos de problemas capilares.

O que é a Biotina?

A Biotina é uma vitamina do complexo B, também conhecida como vitamina B7. Ela exerce várias atividades no organismo e, consequentemente, reações, entre elas a carboxilação. Ela funciona como uma coenzima no metabolismo das purinas e dos carboidratos, atuando na formação de tecidos. Trocando em miúdos, a Biotina é essencial para o cabelo, para as unhas e pele.

A Biotina e os exames laboratoriais

Embora seja essencial, a Biotina em concentrações fisiológicas (entendidas como normais) interfere muito pouco nos testes por imunoensaio (teste bioquímico que mede a presença ou concentração de uma macromolécula ou uma pequena molécula em uma solução através do uso de um anticorpo ou um antígeno). Simplificando, ela não só aparece em exames, mas faz parte da análise de alguns deles.

Então, qual é a questão negativa relacionada a Biotina e os exames?

Dr Ademir explica:

“Quando o uso é de doses mais elevadas pode promover resultados falso positivo e falso negativo nos exames de sangue. Como falso positivo entendemos a alteração que acusa resultados compatíveis com determinados problemas de saúde sem que eles realmente existam. Por outro lado, como falso negativo compreendemos a ausência de alterações sanguíneas compatíveis com determinadas doenças”

Um exemplo prático apontado pelo médico é a possibilidade de megadoses de Biotina interferirem em resultados de dosagens sérias de determinadas substâncias, entre elas os hormônios tireoidianos. O resultado são um falso aumento do resultado de T4 livre e uma falsa redução do TSH, isso pode favorecer um falso diagnóstico de hipertireoidismo”.

Um alerta do profissional é ao que está disponível para compra no mercado de suplementos, uma vez que é possível adquirir a Biotina em diferentes dosagens ou formulada em compostos. Para Dr Ademir, temos no mercado suplementos para cabelos e unhas vendidos com dosagens muito acima desta, tidas como dosagens medicamentosas, como, 3.000µg, 5.000µg e 10.000µg. Elas deveriam ter uma destinação, as megadoses também têm sido preconizadas para o uso o tratamento da esclerose múltipla e de outros problemas neurológicos, nestes casos acima de 100.000µg/dia, para citar alguns”.

Ele ressalta ainda que o fato de a maioria do que é vendido em suplementos não superar os 3.000µg (3mg) não pode ser visto como uma autorização para o consumo sem orientação profissional. Em seus estudos ele destaca como referência uma revisão de literatura publicada no Annals of Laboratory Medicine (2019), que aponta a necessidade de doses diárias mais elevadas de biotina (entre 10.000µg a 15.000µg/dia) por pessoas que tenham erros inatos do metabolismo.

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