Antes da pandemia, o suicídio já era a segunda causa de morte em adolescentes e o Brasil, campeão mundial em casos de transtorno de ansiedade e vice em transtornos depressivos. Pesquisas científicas recentes demonstraram o aumento no número de casos de distúrbios psiquiátricos em adultos e crianças após a pandemia e reforçam o alerta sobre os cuidados com a saúde mental dos jovens. “O isolamento social, que nos afastou de amigos, da escola e do trabalho presencial, vem agravando a saúde mental dos nossos jovens e é vital acompanharmos nossas crianças e adolescentes de perto”, afirma o psicólogo especializado em Crises e Emergências Alexandre Garrett.
O especialista conta que esse acompanhamento permite identificar rapidamente sinais de que algo não vai bem. “Irritabilidade, apatia, tristeza e retração recorrentes são indícios de que as crianças e adolescentes possam estar sofrendo de ansiedade, depressão ou outro transtorno mental”, explica.
Estudo publicado em abril na Pediatrics avaliou as taxas de ideação e tentativas de suicídio no Texas entre janeiro e julho de 2020 e revelou que 3,5% dos jovens apresentaram queixas relacionadas a comportamentos ou pensamentos suicidas. Ainda de acordo com a pesquisa, 15,8% dos pacientes se referiram à ideação suicida e 4,3% relataram tentativa de suicídio no período. “Os números são preocupantes e reforçam a necessidade de investirmos em campanhas educativas para derrubar os tabus que cercam o suicídio e os transtornos mentais no Brasil. Precisamos esclarecer pais e cuidadores sobre os sinais de alerta, os riscos e a necessidade de buscar ajuda profissional para enfrentar o problema”, afirma Garrett.
O psicólogo conta que sentimentos como desesperança, autocrítica elevada, dificuldade de concentração, ansiedade, alterações no sono e no apetite são outros sinais que os responsáveis devem observar. “Obviamente que muitos desses sentimentos afloram de forma ocasional durante situações de crise, por isso é importante observar de perto se esses sinais são recorrentes ou não. O melhor caminho é sempre o diálogo. Conversar com as crianças e tentar ouvir suas queixas são fundamentais em uma relação saudável”, completa.
Garrett conta que, neste período tão desafiador, pais devem estreitar as relações com os filhos. “Muitos pais estão conhecendo efetivamente seus filhos agora que passam muito mais tempo juntos. Apesar dos desafios que a nova rotina impõe, é fundamental fazer atividades em família, como brincar, cozinhar, assistir a filmes, jogar jogos de tabuleiro, por exemplo”, completa.
Outra sugestão do psicólogo é incentivar os jovens a praticarem exercícios físicos. “Fazer uma atividade física com os filhos é uma das formas de prevenir a ansiedade e de estreitar relações. Quando nos movimentamos, liberamos hormônios responsáveis pela sensação de bem-estar e relaxamento”, diz.
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