Projeto de desenvolvimento comunitário oferece capacitação e suporte emocional para marisqueiras de comunidades precárias

Neste dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher, não faltam exemplos de mulheres que transformam o Brasil com força e coragem. Um pedido de socorro realizado durante um momento de desespero emocional mudou a vida de Cláudia Rodrigues (nome fictício), de 59 anos, em 2020. A marisqueira morava em uma casa em condições disfuncionais que abrigava 14 pessoas em uma região precária do município de Cabo do Santo Agostinho (PE). Com dois filhos que sofrem com alcoolismo, Cláudia se sentia extremamente deprimida e não conseguia sequer se levantar para fazer as tarefas do dia a dia. Ela contatou o Centro de Assistência e Desenvolvimento Integral – CADI Gaibu e conquistou melhorias significativas na qualidade de vida: passou a fazer parte de atividades da organização, e foi encaminhada para acompanhamento terapêutico regular e estimulada a seguir terapia medicamentosa.

Desde então, Cláudia, assim como outras mulheres que apresentam quadros de depressão e/ou ansiedade, participa ativamente dos encontros de grupos de convivência para mulheres proporcionados pelo CADI Gaibu e sempre menciona seus benefícios. A organização criou o projeto Mulheres Força e Poder do Manguezal após o derramamento de petróleo que atingiu o litoral brasileiro e agravou as vulnerabilidades socioeconômicas das comunidades locais em 2019. Ao perceber o desamparo das mulheres e os efeitos causados pelo desastre ambiental, o CADI Gaibu decidiu que a iniciativa abordaria aspectos sociais, emocionais e técnicos para o trabalho das marisqueiras em 2020. A maioria delas não é alfabetizada ou possui baixa escolaridade e vive em comunidades tradicionais da pesca artesanal e/ou quilombos de Cabo de Santo Agostinho.

“Algumas mulheres tinham um quadro de depressão muito grave e outras sofrem com ansiedade. Conhecemos este público que não era atendido pela colônia de pescadores e trabalhamos muito a questão do empoderamento, o fortalecimento da identidade delas enquanto mulheres, dos vínculos comunitários e do senso de pertencimento territorial a partir de grupos psicoterapêuticos. Muitas dessas mulheres não conseguem acessar o benefício do INSS porque não possuem registro de pescadoras artesanais. Há mulheres de 40 anos com uma saúde e aspectos físicos equivalentes aos de pessoas com 60 anos”, relata Priscilla Barreiras, coordenadora do CADI Gaibu.