Médico brasileiro quer criar projeto federal de remodelação glútea para mulheres trans: “Centenas de mulheres recorrem ao silicone industrial”, diz Hamilton Couto

Conhecida na internet como Juju do PIX ou Fofão, Juju Oliveira, influencer trans, descobre que ‘profissionais’ em clínica clandestina injetaram óleo mineral em seu rosto. Devido casos como o de Juju, o médico ortopedista e especialista em harmonização corporal, Hamilton Couto, quer levar ao congresso nacional um novo projeto a fim de auxiliar mulheres trans que sofrem constantemente com maus resultados de procedimentos ilícitos, realizadas com produtos clandestinos e até mesmo por profissionais incapacitados. A disforia corporal ou de imagem é uma percepção alterada de si, e tem a ver com uma preocupação sobre defeitos inexistentes ou sutis em sua aparência, mas que causam forte angústia em pessoas de diferentes idades. Essa mesma disforia leva algumas mulheres trans que não possuem uma boa estrutura financeira para investir em procedimentos estéticos clandestinos prejudicando a própria saúde.

Segundo os estudos de Hamilton, centenas de mulheres recorrem ao uso de silicone industrial, óleo mineral ou outros produtos irregulares e até ilegais no Brasil. “Muitos são aplicados por profissionais diversos, que têm efeitos nefastos a curto, médio e longo prazo”, afirma. Para ele, a utilização de produtos ilícitos, não certificados pela Anvisa, para volumização de glúteos, bíceps, e até facial, coloca em risco a vida de cada um dos pacientes. Além de ser uma questão pessoal e familiar, isso também representa um custo social muito alto. “A retirada de produtos ilegais, mesmo que para reparar danos, deixam cicatrizes extensas, envolvem grandes dilacerações de tecido, e pioram o quadro inicial do paciente.”

O objetivo de Hamilton é trazer ao debate a saúde pública, principalmente a saúde de mulheres trans. Nesse caso, elas são as que mais sofrem consequências. O cirurgião enfatiza que os danos também estão ligados à sobrecarga do sistema de saúde. Sendo assim, a sua ideia é criar um projeto de lei (PL) que interfira diretamente nessas causas. “É importante constituir um corpo clínico qualificado, com uso de produtos autorizados pela ANVISA, para tratamento de lipodistrofias e assimetrias corporais de forma segura, definitiva e com acompanhamento médico adequado”, comenta. O Sistema Único de Saúde tem capacidade para trabalhar diretamente em tratamentos como esses, auxiliando e protegendo a saúde das minorias de forma segura e sustentável. “Precisamos esclarecer a importância de utilizar produtos autorizados pela ANVISA, assim poderemos corrigir assimetrias, tratar lipodistrofias, e disforias corporais de forma definitiva”, acrescenta. Tudo isso com menor custo para o planejamento financeiro da saúde brasileira e trazendo bons resultados aos pacientes que sairão certamente satisfeitos das salas de cirurgia.

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