Livro mostra complexidade e sofisticação artística dos bancos de madeira produzidos pelos povos originários brasileiros

Um dos mais importantes acervos brasileiros de arte indígena, a Coleção BEĨ compreende mais de 900 bancos produzidos por artistas de 45 etnias indígenas do Brasil, provenientes do Território Indígena do Xingu, da Amazônia e do sul do Brasil. Grande parte dessas peças está documentada em Bancos indígenas do Brasil, que chega agora às livrarias. O livro é uma nova edição, revista e aumentada, da obra homônima lançada em 2015 e hoje esgotada. Na nova edição, os simbolismos, mitos e significados que as peças carregam são explicados por representantes de diferentes etnias. Essa escolha editorial reflete a trajetória da Coleção: nascida há pouco mais de duas décadas de um encantamento puramente estético, ela se transformou aos poucos um espaço de interlocução com as culturas indígenas; à medida que o acervo crescia e era cada vez mais solicitado para participar de mostras no Brasil e no mundo, tornava-se mais evidente a urgência de restaurar o papel da cultura indígena como matriz da arte brasileira, reconhecer seu lugar na arte contemporânea do país e dar voz a seus artistas.

Refletindo essa postura, Bancos indígenas do Brasil reúne textos do educador e escritor Ariabo Kezo (da etnia Balatiponé), do professor Adonias Guiome Ioiô (Palikur) e do ativista e escritor Ismael Pedrosa Moreira (Tariana), além uma narrativa contada por Yumuin Mehinaku que explica a simbologia dos bancos de cacique. Completam o volume as contribuições da curadora Mariana Brazão, do botânico Ricardo Cardim e do fotógrafo Renato Soares. O belíssimo ensaio fotográfico é de Rafael Costa. Bancos indígenas do Brasil é, assim, uma obra de grande impacto visual e de extraordinária riqueza de conteúdo, que ao mesmo tempo que documenta peças de grande beleza e interesse, estabelece um diálogo com as culturas originárias do Brasil.

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