Em tempos de pandemia, professores, pais e responsáveis precisam estar mais atentos ao Ciberbullying

Criado com o intuito de chamar a atenção e estimular a reflexão acerca do bullying, foi instituído para 7 de abril no Brasil, o Dia Nacional de Combate ao Bullying. Em meio a pandemia da Covid-19, que exige medidas de isolamento social, entre outros, implicando na suspensão das aulas presenciais em mais de uma oportunidade – e por longa data – desde março 2020, professores, pais e responsáveis precisam se atentar mais do que nunca ao Ciberbullying. A afirmação é da psicóloga e orientadora pedagógica do Colégio Oficina do Estudante de Campinas (SP), Priscila Gil Neto.

“Já é peculiar dos jovens não quererem se sentir expostos. No contexto atual, isso pode ser percebido, por exemplo, com o receio de abrir a câmera durante uma aula on-line, devido a possibilidade de algum colega printar a tela, criar uma figurinha com a imagem e com o seu uso promover uma gozação. É uma questão real: não é porque os estudantes estão fora da escola, que o bullying acabou. A prática apenas trocou de ambiente”, examina.

Recomenda que pais e responsáveis devem observar, dentre outros indicadores, mudanças bruscas de humor, apesar desse comportamento ser uma característica natural da idade. Recorda que o Ciberbullying vem sendo analisado há bastante tempo, desde que as redes sociais passaram a fazer parte do cotidiano de crianças e adolescentes. “Hoje vemos crianças do Fundamental 1 (com idade entre 7 e 11 anos) com celular na mão, grupos de WhatsApp. E adolescente é grupo: ponto!”, enfatiza.

Priscila esclarece que a internet possibilita que os insultos, humilhações, violências psicológicas, intimidações e constrangimentos, que caracterizam o bullying (neste caso, o Ciberbullying), sejam realizados e propagados com extrema velocidade, a distância e tomem proporções incontroláveis. Quando a prática ocorre, por mais que não seja no ambiente escolar, frisa, reflete no mesmo. Deste modo, em muitas ocasiões – pra não dizer todas -, a mediação dos possíveis conflitos, suas consequências e resolução requerem participação de membros das equipes pedagógicas.

“Costumamos dizer para os pais que eles, em sã consciência, não deixariam seus filhos sozinhos, durante a noite, na Praça da Sé, em São Paulo. Então, não há motivo para não supervisioná-los no ambiente virtual, permitindo que eles fiquem vulneráveis”, contextualiza.

Priscila frisa que a história do bullying remete ao ambiente escolar. Contudo, é possível que alguns agressores passem pela adolescência sem abandonar a prática. Ou seja, se tornam adultos agressores. “Existem relatos de agressores em ambientes de trabalho”, completa.

Bullying
Para a psicóloga e orientadora pedagógica do Colégio Oficina do Estudante de Campinas (SP), Priscila Gil Neto, bullying é o comportamento repetitivo não motivado que, de alguma forma, causa danos psicológicos ou físicos a alguém. “O ato é em tom de ameaça e, as vezes, pode se dar de maneira camuflada, por meio de algum tipo de brincadeira. Um termômetro bacana para fazer essa diferenciação é entender que, numa brincadeira, ao contrário do bullying, todos os envolvidos se divertem”, elucida.

Ressalta que a repetição da atitude é que a transforma em bullying. Diz que uma ação, brincadeira inadequada ou comentário infeliz, podem num primeiro momento ser realizados de maneira inconsciente. Neste cenário, a vítima ou alguma testemunha podem se manifestar contrárias e tudo termina ali. Porém, se a prática continua a despeito da sinalização que desagradou, deixa de ser um mal-entendido e passa a ser classificado como bullying.

A psicóloga ressalta que, geralmente, as vítimas são aqueles que apresentam características diferentes da maioria, relacionadas à altura, peso, corte de cabelo, e são analisados pelo agressor como mais frágeis emocionalmente. Se o jovem tiver, de fato, algum problema emocional, chama a atenção: pode ser agravado por sofrer bullying. Priscila garante que o agredido dificilmente vai pedir ajuda. “Quando isso acontece, a vítima já atingiu o seu limite emocional e há uma depressão instalada. Num contexto normal, os pais notam que o filho começa a evitar ir à escola ou determinado local, porque convive com a sensação de que aquele ambiente é ruim para ele. A essa altura o problema é grave”, encerra.

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