Da afetividade à liderança inspiradora: chef Andrea Nascimento transforma memória familiar em gastronomia

Com maniçoba, bobó, arroz de hauçá e jabuticaba, Solar Gastronomia vira referência de culinária afrobaiana e afetiva em Salvador

Muito da tradição de cozinhar está enraizada na dinâmica familiar. São nas receitas passadas de geração em geração e provadas na mesa das casas que é possível reviver tradições, histórias e até valores familiares. Em muitas tradições, pessoas aprendem a cozinhar com membros mais experientes de suas famílias, seja com pais, avós ou tios, criando uma conexão especial com a comida que vai além do simples ato de preparar refeições. Com a Chef Andrea Nascimento não foi diferente. Na efervescente cena gastronômica de Salvador, ela é uma das figuras que vem ganhando destaque não apenas pela maestria na cozinha, mas pela capacidade de imprimir uma identidade única ao Solar Gastronomia, localizado na Fonte do Boi, no Rio Vermelho. CEO e líder da cozinha do Solar, ela transcende a culinária convencional, incorporando elementos da pesquisa para rememorar as receitas de família e levar a inovação para a cozinha de seus restaurantes, completando três décadas de uma carreira repleta de conquistas. A relação de Andrea com os sabores e aromas, vem desde a sua infância, onde os momentos de demonstrar amor e acolhimento estavam ligados às refeições, seja nas reuniões de família ou nos antigos restaurantes de Salvador, muitos dos quais já não existem. Parte desse aprendizado e transmissão culinária passa pelas brincadeiras de criar os cardápios do dia junto a seus primos e amigos.

“Sempre fui uma pessoa olfativa e, ao longo dos anos, esses sentidos foram se apurando. A vocação estava em mim, mas eu não tinha me apropriado dela. Aos poucos, fui percebendo que aquilo mexia muito com as pessoas: elas choravam de emoção, ou de recordação, acessando certa memória afetiva, mesmo pessoas que não eram daqui de Salvador, por exemplo. No início, eu fiquei assustada, pois os feedback eram separados, espontâneos. Eu acreditava naquelas manifestações de sentimento porque lembrava do quanto as pessoas iam para casa da minha mãe por causa dessa ligação com a comida. São muitas referências e memórias”, conta.

Os caminhos de Andrea estavam prestes a mudar. A menina da Lapinha, assim conhecida, inaugurou a primeira Creperia de Salvador, o ‘Touché Creperia’, com duas unidades, uma na Barra e outra no Itaigara por 10 anos, marcando o início de uma jornada repleta de inovação e sabor. Posteriormente, estabeleceu-se por 5 anos no Rio Vermelho, com o ‘Crepe da Cidade’. Como modelo, empreendeu com o Solar Café Gastronômico que foi um grande sucesso nos espaços do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM) e no Palacete das Artes – Museu Rodin (atual Museu de Arte Contemporânea). Desde então, a trajetória da chef Andrea Nascimento foi pautada por experiências de formação, imersões gastronômicas e a propriedade de diversos restaurantes na cidade. Andrea assumiu a posição de Chef Executiva do Grupo Solar em 2008, consolidando-se como referência na culinária. Seu estilo autodidata mescla influências das gastronomias colombiana, francesa, mexicana e brasileira, resultando em uma proposta única que seduz olhares e paladares. Ela não é apenas uma chef renomada, mas uma líder inspiradora na indústria gastronômica. Sua identidade como mulher preta influencia não só a sua abordagem criativa na culinária, mas também sua liderança no restaurante, uma vez que estar neste lugar, sendo mulher e negra não é nada fácil.

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