Casamento em alto-mar vira moda no Brasil e no mundo

Vinte anos atrás, o navio Princess Cruises revolucionou a indústria ao lançar a primeira capela de casamentos em uma embarcação. Desde que o barco saiu de Istambul, em maio de 1998, milhares de casais trocaram alianças de ouro em seu convés. Nos pacotes, eles poderiam combinar a festa e a lua de mel, cujo evento custaria menos do que uma cerimônia convencional – cerca de US$ 27 mil (R$ 100 mil) uma década depois, quando casar no oceano tinha se tornado moda.

Desde então, o mercado só cresceu: os norte-americanos Francisco Vargas e Ben Gray, por exemplo, aproveitaram uma brecha legal para se casarem no Celebrity Cruises: eles se tornaram o primeiro casal homoafetivo a registrar civilmente a união em alto-mar, valendo-se do fato de a empresa – registrada em Malta – ter ancorado em Bermuda, no Caribe, onde a lei é mais flexível que nos EUA.

A maioria das empresas de cruzeiros não revela o número de casamentos realizado todos os anos. Exceções são o Carnival Cruise Line, que organiza em torno de 2,6 mil festas anuais, mais do que as 2,2 mil de uma década atrás, e a Norwegian Cruise Line, que afirma ter dobrado seus negócios com casamentos em alto-mar para cerca de 350 cerimônias por ano.

“Os cruzeiros oferecem mais do que uma experiência íntima com um pequeno grupo de amigos e parentes”, disse Bárbara Whitehill, diretora da empresa norte-americana Wedding Experience, ao jornal Boston Globe. “Muitas pessoas querem ter um grupo pequeno que realmente significa algo para elas, ao invés de convidar a cidade inteira a uma igreja. Os cruzeiros definitivamente permitem algo novo todos os dias para ser compartilhado com os mais próximos”, completa.

Capitães de navios nunca – exceto recentemente – organizaram casamentos. Os governos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha têm especificações regulatórias para uniões civis para capitães de embarcações militares e civis. Eles são expressamente proibidos de realizar casamentos e, assim, a coordenação precisa levar para alto-mar uma autoridade especial.

Há algumas exceções ao redor do mundo, no entanto: os capitães japoneses, por exemplo, agora podem jurar casórios em embarcações sob seu comando, mas somente para quem possui o passaporte do país. No caso dos cruzeiros caribenhos, os comandantes ganham permissões temporárias para realizar as cerimônias, mas apenas em águas delimitadas, como no Alasca ou em algumas ilhas da região do Caribe – depois do casamento, o capitão precisa enviar sua licença e o registro do evento à justiça, onde o casório é validado.

No Brasil, apenas a MSC Cruzeiros oferece o serviço – a empresa diz que o número de casamentos que realizou cresceu 43% entre 2016 e 2017 em comparação com a temporada anterior. A companhia oferece três tipos de pacotes para a cerimônia, que incluem diferentes opções de bebidas e comidas servidos no evento. Todos eles contemplam consultoria de casamento e boas-vindas, buquê de flores e espaço privativo decorado com arranjos florais. Os preços variam de R$ 2,2 mil a R$ 4 mil, sem contar os convidados extras – cada pacote permite oito pessoas –, que custam em torno de R$ 22 mil.

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