- Por Fábio Zausner, CEO da TUDU
Muito tem se falado sobre empresas adotando medidas ESG – sigla em inglês para environmental, social and governance (ambiental, social e governança corporativa, no português), mas na indústria da moda a pauta é urgente há muito tempo. Não é à toa que o segmento é um dos mais poluentes do mundo e sua lógica de produção não condiz com o consumo.
Os dados do Overproduction: Taboo in Fashion mostram que 30% das roupas produzidas nunca são vendidas e outro terço só sai das lojas com desconto. Já os números da americana Printful mostram que 1 em cada 5 peças de roupas produzidas são descartadas sem nunca serem usadas. Essa conta sai cara para o meio ambiente: são mais de 12,8 mil toneladas de roupas enviadas para aterros sanitários anualmente. Também são produzidos, anualmente, 92 milhões de toneladas de resíduos sólidos com 98 milhões de toneladas de recursos naturais. Por falar em recursos naturais, somente para produzir um par de calças jeans são utilizados 7 mil litros de água – o suficiente para uma pessoa beber durante 6 anos.
Considerando que estamos lidando com o desperdício de recursos escassos, produção desnecessária de resíduos, uma agenda cada vez mais pautada pela sustentabilidade e uma geração que prioriza marcas sustentáveis – 42% da geração Z prefere empresas com essas práticas e 38% deixaria de comprar produtos de marcas que tenham má influência no meio ambiente segundo a pesquisa Millenium Survey – as grandes marcas do varejo começaram a olhar com um pouco mais de atenção para a pauta.
Algumas empresas de produção em massa passaram a usar materiais mais sustentáveis e até testar o modelo on demand – ou seja, produzir somente o que for comprado – em um de seus milhares centros de produção, mas estão atrasadas. As iniciativas, embora plausíveis, não resolvem, nem de longe, o tamanho do problema. A maioria tem tentado se posicionar como sustentável com iniciativas pontuais e nomes bonitos às suas iniciativas ao invés de realmente mudar como produzir de forma perene.
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