A BEBIDA QUE ATRAVESSOU CIVILIZAÇÕES

Na tradição greco-romana o vinho é considerado a bebida de Baco – versão romana do deus grego Dionísio. Segundo a mitologia, ele é o filho de Júpiter com a mortal Sêmele, e foi perseguido por Juno – esposa de Júpiter. Mas, ao contrário de algumas crenças, Baco não detém a primazia mitológica sobre o vinho. Além dos gregos e romanos, egípcios, persas, e outros povos contam com mitos e personagens relacionados ao vinho. Ou seja, é realmente a bebida que atravessou civilizações.

É sabido que antes da lenda romana, Dionísio era o deus grego do vinho e seu mito apenas foi adaptado pelos romanos. As histórias são muito similares, porém na versão grega é Zeus quem engravida Sêmele. Outra história do deus grego do vinho diz que seu nome original, na verdade, era Zagreu e ele teria sido filho de Zeus com Perséfone.

Nessa vertente, tudo teria acontecido antes de Perséfone ser sequestrada por Hades, o senhor dos infernos, na lenda conhecida como O Rapto de Perséfone. Apesar disso, as lendas convergem sobre como Dionísio encontrou a vinha. A narrativa diz que, um dia, andando pela relva, ele encontrou uma planta verde e decidiu guardar dentro de um osso de pássaro para protegê-la.

Como ela não tardou a crescer, Dionísio decidiu guardá-la em um osso de leão. Por fim, ela foi parar dentro de um osso de burro, pelo fato de que não parava de crescer e não cabia aonde era colocada. Dionísio então provou seus frutos e quis guardar para comer de pouco em pouco; o que fez com que o vinho se formasse do sumo dos grãos guardados.

Com essa narrativa, segundo a mitologia, há a representação das fases do consumo do vinho. Dessa forma, primeiro sente-se a alegria, como é alegre o voo das aves. Depois, a força e coragem, como um leão. Por fim, leva-nos ao comportamento banal, como dos burros.

HABEMUS VINHO?
Apesar das histórias contadas, o vinho remete a diversos períodos da humanidade. Cada cultura fala de uma forma diferente. Os cristãos, embasados no Antigo Testamento, acreditam que foi Noé quem plantou um vinhedo e produziu o primeiro vinho do mundo. Enquanto os gregos, como já vimos, consideraram a bebida uma dádiva dos deuses, e assim por diante.

Analisando do ponto de vista histórico, é difícil afirmar a origem exata. Afinal, o vinho surgiu antes da escrita, e provavelmente deve ter sido por acaso. Reza a lenda que esqueceram um punhado de uvas amassadas em um recipiente e elas sofreram uma fermentação espontânea, então como vamos saber, não é verdade?

O fato é: não importa de quem veio ou como a vinha se criou, o fator determinante é que se descobriu como plantar, cultivar e fermentar.

E SE O VINHO NÃO EXISTISSE?
Antes de mais nada, precisamos te contar que o vinho faz bem para a saúde. Exatamente. Se você achou que era apenas uma bebida saborosa e elegante saiba que ela tem diversos benefícios para o corpo. Como o aumento da resistência das fibras colágenas, menor formação de coágulos, melhora do sistema imunológico, favorece funções digestivas além de favorecer a proteção ao coração; entre outros.

Mas será que a sociedade seria a mesma? Falando pelo lado histórico da coisa, o vinho é uma das bebidas de celebração mais antigas que existem, além de contar com um papel social enorme. Sem o vinho, talvez as festas e confraternizações como conhecemos hoje não existissem, uma vez que, a certa altura da história, era uma bebida tão central que não existia festa sem vinho.

UM BRINDE A UM BOM E BELO VINHO
Para Montesquieu, o bom é intrínseco à esfera do útil, enquanto o belo está diretamente relacionado ao que não tem uma real utilidade. O prazer, porém, pode advir de ambas as teorias. Sendo assim, o vinho é bom e belo; afinal o prazer que obtemos ao beber tanto está associado à sua utilidade, como os benefícios ao corpo, quanto à sua beleza – o deleite da alma.

Podemos ainda afirmar que degustar um bom vinho é uma experiência não apenas sinestésica, mas emocional – ela atravessa as dimensões do espaço e tempo.

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