Terapia à base de Cannabis impacta na qualidade de vida de pacientes autistas

Apesar do tabu a ser quebrado, o uso de componentes da Cannabis Sativa, popularmente conhecida como maconha, tem sido visto com bons olhos pelos cientistas que estudam o Transtorno do Espectro Autista (TEA). A literatura médica tem mostrado que o canabidiol é um importante aliado para tratar o autismo, com menos efeitos colaterais que os tratamentos tradicionais que são feitos à base de medicações controladas (tarjas pretas).

“Na nossa prática diária, percebemos que o uso do canabidiol melhora a qualidade de vida das pessoas que sofrem com esse tipo de transtorno”, disse a médica Mirene Morais, especialista em dor pelo Hospital Sírio Libanês e especialista no uso da Cannabis. Ela ressaltou que escritos de renomados cientistas, publicados em revistas pelo mundo afora, já apontam resultados promissores. “Os nossos pacientes têm apresentado significativa melhora em seus quadros clínicos. Há testemunhos que só ratificam o quão poderoso e assertivo é o uso da cannabis”, afirmou.

De acordo com Mirene Morais, com a utilização de duas propriedades da planta (THC e o CDB), por exemplo, doentes apresentam melhora, assim como alívio de episódios que geram desconforto e problemas sociais. Ela citou dados de um artigo publicado na Nature Review, revista médica mais renomada no mundo. Segundo a publicação, de 60 crianças com TEA que fizeram uso do CDB, 61% apresentaram melhoras nos surtos comportamentais; 47% demonstraram menos problemas de comunicação; 39% delas tiveram a ansiedade diminuída e 33% perceberam menos estresse e condutas disruptivas.

“Apesar dos estigmas por trás da planta, milhares de pesquisas científicas em torno das propriedades terapêuticas da cannabis foram determinantes para que mais de 40 países legalizassem o uso medicinal da planta”, relatou Mirene, ao reforçar que a terapia é segura nos mais diversos contextos clínicos, como dores crônicas, cuidados paliativos, ansiedade, depressão, Parkinson e Alzheimer, epilepsia grave e refratária, além do TEA.

LEGALIZAÇÃO
Mesmo com o número crescente de brasileiros fazendo uso dessas substâncias para fins medicinais, no Brasil, o uso da cannabis ainda não está legalizado. No Congresso Nacional tramitam várias matérias sobre o assunto, dentre as quais o Projeto de Lei 399/2015, de autoria do deputado federal por Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD/SE). A propositura já foi aprovada em Comissão Especial, mas aguarda apreciação do plenário.

O PL regulamenta o plantio de maconha para fins medicinais e a comercialização de medicamentos que contenham extratos, substratos ou partes da planta.

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