O Brasil, os brasileiros e a Petrobras

Um enorme arranhão na imagem da Petrobras vem sendo efetuado nos últimos meses ou anos. Tudo isso se deve à política de preços adotada pela estatal petroleira brasileira, na qual consiste em levar em consideração o preço do barril Brent e a cotação média da moeda americana, o dólar. Se nós, brasileiros, tivéssemos uma economia estável, sem precedentes ou com problemas fiscais, sociais e de gestão – como todos nós sabemos -, essa seria sem dúvida a melhor opção a ser adotada, pois valoriza produto, empresa e acionistas, mas como não é assim em nosso país, passa a ser um dos piores métodos adotados.

Sejamos racionais: o Brasil é um dos maiores produtores diários de barris de petróleo do mundo – ocucpa atualmente a 9ª posição -, e certamente poderia muito bem consumir sua produção. Bem, poderia, se não fosse a fome, a voracidade feroz da empresa em boa parte da sua produção exportar, satisfazendo assim, os desejos e lucros dos acionistas, famintos por lucros e consequência sem precedentes.

Em sã consciência, nossa maior estatal poderia, fornecer para o mercado interno sua produção e, consequentemente o escedente, exportar. Porém, essa política não renderia vultuosos lucros sobre lucros obtidos pela empresa nos últimos anos – mesmo tendo sido alvo de assaltos sequentes em gestões anteriores -.

A economia brasileira vinha em plena recuperação, e com ela o poder de compra da população encontrava-se em elevação, quando veio a pandemia, e devastou não só a economia mundial, como também do nosso país. Com todos os problemas que todos nós já sabemos, o poder de compra de boa parte da população caiu, e muito, gerando desempregos, queda de arrecadação, de consumo e demais consequências que sempre convivemos e sempre vencemos. Muito foi feito, e o país colocou-se nos trilhos novamente, querendo engatinhar e dar passos novamente e, justamente nessa hora, uma guerra entre Ucrânia e Rússia – a 2ª maior produtora de petróleo no mundo, a frente até da Arábia Saudita -, veio para devastar novamente os mercados, e com isso, a elevação em um piscar de olhos do barril de petróleo na cotação mundial (era US$ 90 em janeiro de 2022 e em 16/03/2022 em US$ 104 – chegou a US$ 130 em 10/03/2022). Com essa subida galopante do petróleo, fortes indícios de inflação pelo Brasil e pelo mundo, aumento no valor de insumos, produtos, commodities…

Na última quinta-feira, a Petrobras fez seu 1º reajuste após o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, com um aumento de 18,8% para a gasolina e 24,9% para o diesel. Além de muito burburinho e manifestações, o pior já está chegando até nós: além do aumento nas bombas de combustíveis, aumento no valor dos alimentos, dos serviços, fretes etc. Um círculo que não para de girar, até sua sinfonia final ontem, 16/3, onde o Copom aumentou em mais 1 ponto percentual a taxa Selic, chegando aos 11,75%. Os preços aumentaram em todos os setores, a inflação já demonstra que seguirá como em 2021, subindo, e a perspectivas de queda (caso a guerra tenha um fim próximo) ficará para 2023 apenas…

Com tudo isso, a política da Petrobras continua intacta – mesmo quando o valor do barril cai no cenário mundial -, aos holofotes de acionistas, a favor da compra e venda, exportação; maltratando a população, e quem depende do petróleo que aqui, em terras tupiniquins é extraído.

Frederico Pace é empresário, atuante nas áreas de marketing, comunicação e digital publisher. Colunista da Revista Ideal nas áreas de business e economia.