De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Textil e da Confecção (ABIT), todos os anos cerca de 170 mil toneladas de resíduos têxteis são descartadas de forma incorreta no lixo comum. Um dos grandes motivos que gera essa problemática é a falta de informação sobre a ressignificação e a reutilização de roupas e acessórios que não servem mais, não fazem parte do estilo ou apresentam desgaste.
Segundo Mayara Behlau, professora do Núcleo de Criação da Escola de Moda Sigbol, é necessário reconhecer o fim de uma roupa e pensar criativamente no que fazer com ela depois disso.
“Se uma peça desbotou, encolheu ou apresenta desgastes (manchas, rasgos) em função de maus cuidados na higienização ou da qualidade, é hora de pensar no descarte consciente”, explica a especialista. Uma das opções pode ser picotar aquele produto e fazer enchimento de almofadas, por exemplo. “Mas se o motivo do descarte é a mudança de estilo pessoal, customizar é a alternativa”, continua Mayara. No caso de calças que não servem mais ou foram manchadas durante a lavagem, a modalidade ‘destroyed’ está em alta e não necessita de mais nada além de uma tesoura afiada e a criatividade. “Bordados, aviamentos, recortes, pinturas, enfim, é possível mudar e adaptar completamente de acordo com o gosto pessoal e as tendências atuais”, finaliza.
Uma opção muito comum e importante é a doação de roupas, como a Sigbol faz todos os anos. A rede possui pontos de coleta e realiza distribuição através de entidade assistencial.Carolina Nogueira, também professora de moda da Sigbol, em São Paulo, alerta: “Quando ressignificamos, ajudamos o meio ambiente. Infelizmente muitas indústrias têxteis ainda despejam muitos produtos químicos na natureza durante o seu processo. Além disso, uma roupa pode demorar meses ou centenas de anos para se decompor, dependendo do seu material. Ressignificar é dar um novo olhar e uma nova vida para algo que seria descartado”.
“Passamos por vários ciclos em nossas vidas com carreira, família, saúde e tudo isso impacta no nosso vestuário. Uma pessoa que se aposenta, por exemplo, com certeza não vai mais se identificar com suas roupas se o seu dress code era formal e agora ela tem uma vida que pedem roupas mais casuais. O autoconhecimento é a base para uma vida equilibrada internamente e externamente”, conclui Carolina.
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