A crise sanitária da Covid-19 está causando outra igualmente perigosa: a crise do medo. Contribuem para isso o isolamento ou o distanciamento das pessoas queridas, a perda da liberdade de ir e vir, as inseguranças diante do desconhecido e de um cenário que pode mudar a cada dia. Vive-se um sobe e desce de emoções que gera estresse, angústia e ansiedade, levando ao processo de somatização, quando o desequilíbrio psíquico afeta também o funcionamento de diversos órgãos do corpo. É comprovado que os fatores críticos relacionados à mente podem ter consequências físicas: as chamadas doenças psicossomáticas, como alergias, inflamações e dores. Engana-se quem imagina tratar-se de um mal que atinge somente os adultos.
Tratase de uma emoção primária, inata, que faz parte de cada um de nós desde que nascemos. E não é exclusividade do ser humano, pois todos os animais sentem medo por instinto. Consiste, de fato, em algo que, na dose certa, nos protege. Porém, quando exacerbado, torna-se um fator patológico e diabólico, porque nos paralisa.
“ Repito que a situação de pandemia, que inclui o receio de ser contaminado e a insegurança econômica, é um fator agravante para que o medo saia de controle e sejamos dominados por ele. O problema existe, é real e ronda nossos lares, mas não podemos nos isolar ainda mais, criando um reduto interior tão inacessível que nos impeça de amar e sermos amados. Não podemos nos fechar como uma ostra! Sobretudo, não podemos ter medo… de Deus! Todo medo de Deus é pernicioso e impede o crescimento espiritual,” afirma Padre Reginaldo Manzotti em seu livro A Nova Batalha.
O medo de errar, por exemplo, não nos permite ousar na fé e deixar a casca do “homem velho” em busca da semente do “homem novo”. Agora, reflitamos: qual a probabilidade de errarmos ao agir? É grande. Porém, o que importa é agir querendo acertar. Deus quer que multipliquemos os talentos que Ele nos confia, e não que tenhamos medo d’Ele. Certamente, temos de ser humildes e usar os dons recebidos a Seu serviço, mas não podemos nos dar o direito de, por medo, aniquilar o que o Senhor nos entregou. Isso é uma desonestidade com o Criador.
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