ARTIGO: Brasil precisará de um exército de profissionais agroflorestais para liderar a transição regenerativa no mundo

A COP26, conferência da ONU para a discussão das questões climáticas, estimulou as lideranças do cenário agrícola nacional a discutirem e mobilizarem forças para que a agricultura brasileira se torne referência mundial de sustentabilidade pela adoção de práticas regenerativas, como a agrofloresta.

A agricultura é diretamente dependente do clima e, com a situação ambiental global que vivemos hoje, ela se vê obrigada a inovar na busca por resiliência. Questionamentos sobre o modelo de produção vigente, com foco em monocultura de commodities, são cada vez mais constantes e sistemas de produção regenerativos vêm ganhando espaço. O Brasil é o país com maior potencial no mundo para exercer um papel ativo e protagonista na mitigação das mudanças climáticas. E, esse caminho, passa obrigatoriamente pela revisão dos modos de produção do alimento.

Hoje a agricultura é considerada ainda uma vilã do clima e não resolve o problema da fome no mundo. Mas isso nem sempre foi e não precisa continuar assim. A agricultura pode ser o elo perdido entre o ser humano e o planeta. Podemos, de fato, otimizar o conservação do meio ambiente por meio de práticas agrícolas sustentaveis. Uma prova disso é a terra preta de índio, um tipo de solo antropogênico, extremamente fértil, encontrado na Amazônia. A sabedoria dos povos ancestrais da floresta tem muito a agregar à agricultura do futuro. Cabe a nós resgatá-la, combinando-a com o que há de mais moderno em ciência e tecnologia no presente.

A agrofloresta combina soluções ancestrais com conhecimento atual: já sabemos que ela gera resiliência social, ambiental e econômica. Protege e recupera o solo e as nascentes. Aumenta a biodiversidade e a conexão das áreas de conservação na paisagem. Produz alimentos altamente nutritivos, sequestra carbono da atmosfera, gerando inúmeros serviços ambientais e colaborando para a soberania alimentar. Se a agrofloresta é uma solução tão boa, porque é que não ganha escala e não se torna a norma para a agricultura brasileira e mundial?

A resposta é simples: faltam profissionais capacitados para pensar, criar, implantar, manejar e replicar sistemas produtivos biodiversos. A PRETATERRA, tem trabalhado na missão de levar a agrofloresta para todos em todas as partes de forma incansável. Nossa experiência, em campo, nos levou à conclusão de que, para atingir escala de paisagem, a agrofloresta regenerativa precisa, urgentemente, de profissionais capacitados em sistemas biodiversos de produção agrícola. Não existem escolas ou formações estruturadas que oferaçam uma carreira em sistemas regenerativos de produção. O profissional agroflorestal é praticamente inexistente, tornando o processo de transição muito lento.

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